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sábado, 19 de agosto de 2017

Malabaristas

 É útil questionarmos a origem e eventual evolução semântica dos termos que queremos utilizar. Malabarista, ao que dizem, tem origem na palavra malabar. A costa de malabar situa-se no Sudoeste do subcontinente indiano. Foi onde Vasco da Gama aportou. Mas que diabo de relação haverá entre uma zona costeira da Ásia e as habilidades encantadoras hoje exibidas como arte circense? Consta que os Portugueses terão ficado espantados com a destreza destes indianos para levantar objectos e mantê-los desafiando as leis da gravidade. Consta. À falta de melhor, fiquemo-nos por aqui. 

Uma coisa é certa: em Portugal abundam malabaristas. Múltiplos acontecimentos recentes nos fazem lembrar estas admiráveis cenas circenses. Assim: o país arde. Há trágicas e intoleráveis perdas de vidas, de bens, de tudo. A seca ameaça transformar o sul de Portugal num Sahara a haver. Há mesmo quem já o vaticine. Pois no meio de tudo isto, o Senhor Primeiro Ministro vem dizer-nos que é tempo de prevenir as cheias de inverno. Este Senhor é exímio em manobras de diversão. É a sua jogada política mais comum. Há longos anos. E o país assiste quedo e mudo. Os bombeiros já não podem tecer comentários sobre os fogos que combatem, E aceitam. Mas o país continua a arder. Temos comentários, análises e previsões de altas patentes da protecção civil verdadeiramente enternecedores: pela competência, pelos dotes e eficácia comunicacionais, pela oportunidade, pelo saber. Enfim, por tudo. Como é sabido, a maioria destes responsáveis tem longuíssima experiência. Terão sido nomeados em Maio, ao que se diz. Mas enfim. O país continua a arder. Este rectângulo representa mais de 2/3 da área ardida, durante o verão, em toda a Europa. E houve vagas de calor por todo o lado. Em Espanha, França, Itália Grécia, etc. Tudo neste Governo é saber e competência. Reformou a floresta como ninguém o fez ou poderia fazê-lo há sete séculos. Por isso D. Dinis, deu uma volta de espanto no túmulo. Espanto e admiração. Por não entender, como nós não entendemos, porque é que a legislação existente não foi aplicada se ela era suficiente para ordenar devidamente a "fileira florestal".  Não há nada melhor do que uma  nova lei para aliviar consciências. Se for um conjunto de Leis, tanto melhor!
Somos a terra da impunidade. O primeiro ministro não responde. Faz perguntas. Foi Pedrógão, Tancos, Góis, Vila de Rei, tantos, tantos que é cansativo mencionar. O último acontecimento trágico nacional foi a queda da árvore no Funchal que causou 13 mortos, mas que não é de ninguém. Mais um inquérito seguramente. Com tantos inquéritos, não admira que o desemprego diminua. E como os inquéritos em Portugal são eternos, há boas perspectivas para integração dos chamados precários.
E calo-me: por cansaço e à espera de que alguém me chame xenófobo, senão racista, por ter aportado à costa  indiana  de malabar.