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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Que Nhaga!

Tenho uma neta, com dois anos e meio, que faz "feitícios": quando destapa os pequenos objectos que guarda com o guardanapo, o lenço ou simples folha de papel. diz uau e solta uma gargalhada genuína e cristalina a que ninguém pode ficar indiferente. Também utiliza nesta fantástica tarefa, um lápis ou qualquer objecto que se assemelhe a uma varinha mágica. É um encanto. Um hino à alegria e à felicidade.
Ocorreram-me estes "feitícios" de ternura por oposição e flagrante contraste com a notícia hoje divulgada sobre contratos patéticos e inacreditáveis entre dirigentes do Benfica e um tal feiticeiro guineense de seu nome Armando Nhaga. Coloco sempre algumas reservas neste tipo de leituras. Mas alguma coisa deverá ter acontecido. Também não creio que absurdos tão negros como este tenham nascido do nada. Bom, os dinheiros eventualmente pagos ao Senhor Nhaga pelo Benfica será dos accionistas da SAD, entre os quais estará o Clube - ao que julgo- e indirectamente todos os sócios. Socialmente é grave. Não o dinheiro eventualmente pago ao Nhaga. Mas a crendice nos feitiços que variavam de jogo para jogo - ( não há dois casos iguais )- mas envolviam sempre bagaço, sacríficios de animais, como galinhas, porcos, entre outros. Alguém conseguirá acreditar nisto em 2017?
 Mais um pequeno empurrão. Entre os dirigentes do Benfica e da sua SAD estão, naturalmente o presidente Luís Filipe Vieira e o Senhor Dr. Rui Gomes da Silva. Este parece ter-se correspondido e "regateado" os serviços do Nhaga. Além de advogado, o Dr. Gomes da Silva tem um vasto e riquíssimo  currículum político. Deputado, chefe de gabinete do Secretário de Estado Santana Lopes, Ministro dos Assuntos Parlamentares do XVI Governo Constitucional e, pouco depois, - imaginem - Ministro adjunto do Primeiro Ministro Santana Lopes, (pois claro) , quando foi preciso substituir Henrique Chaves.
 Foi vice-presidente da Direcção do Sport Lisboa e Benfica e administrador da respectiva SAD  até 2016, aquando da última eleição de Luís Filipe Vieira. Agora é um estimado e douto comentador televisivo. 
É arrepiante. Este Senhor, que já ocupou cargos de indiscutível responsabilidade e de muito poder na estrutura da Estado Português, conseguirá alimentar crendices com o objectivo de beneficiar o seu clube ou prejudicar adversários ( o que vai dar no mesmo) através de feitiçarias que envolvem bagaços, sacrifícios de animais e sabe-se lá que mais?
A que nível descemos como sociedade e como povo? Que Nhagas nos irão acontecer ainda? Sem mais comentários. Tudo isto é muito tenebroso, patético e miserável para ser verdade. Não acredito. Não acreditem, por favor, pela sanidade mental de todos nós.
Ah! Esqueci-me de referir. O Senhor Dr. Rui Gomes da Silva é membro dessa agremiação chamada Maçonaria, cujos membros tantos serviços têm prestado à florescente sociedade portuguesa. Alguém se espantará? Se pudesse, fazia um "feitício".

quarta-feira, 21 de junho de 2017

" No bom caminho?"

A trágica "época dos fogos" que anualmente fustiga este país triste, antecipou-se este ano aos prazos determinados pelos insubstituíveis técnicos e peritos. Antecipou-se, trazendo uma catástrofe de dimensões que ultrapassam tudo o que poderia imaginar-se. As dezenas de vítimas de Pedrógão Grande e de Góis, como todas as vítimas, merecem silêncio, contenção da raiva inevitável, solidariedade e tudo o que de bom a alma humana ainda pode dar ao próximo com empatia e sofrimento. Os meios de comunicação 
- os mesmos que nos enojam com exageros determinados por medíocres e insensíveis - dizem-nos também que esta catástrofe tem sido acompanhada um pouco pelo mundo fora. Perante a dimensão inacreditável da tragédia e as opiniões mais diversas, surgem sempre alguns cucos que entendem que só o pranto e o silêncio acompanhado dos habituais reconhecimentos ao esforço de todos os responsáveis pode respeitar as vítimas. É inacreditável. Há décadas que os fogos vão devorando o território e a sociedade portugueses. Há décadas que os cucos prometem medidas de prevenção, reordenamento da floresta, meios de combate eficazes, apoios de todos os tipos e feitios, enfim, a panóplia conhecida de quem, verdadeiramente utiliza com um oportunismo asqueroso, nos incêndios como em tudo o mais, a simplicidade e a "mansidão" de um povo que foi abocanhado por vampiros e incompetentes a quem nem podemos criticar nestes momentos de infelicidade natural. Como noutros tempos, é a infelicidade que fatalmente nos bate à porta todos os anos.  E é verdade. A fatalidade. A fatalidade. Trovoadas secas na Beira, buracos que devoram carros nas principais avenidas da capital. Fatalidades. Fatalidades. Cada vez serão mais frequentes. Cada vez serão de maior dimensão. A GNR não sabia nem poderia adivinhar o perigo quando indicou ou permitiu o trânsito naquela que é hoje a estrada da morte. Mas não haverá país do mundo onde a fiscalização dos condutores seja mais frequente.Passeiam-se por todo o lado, mas sempre sem meios humanos nem materiais. O vento e o calor nunca vistos eram totalmente imprevisíveis, pois claro. Imprevisíveis eram - são sempre- as falhas das comunicações. Falhas que causaram a morte, a devastação, o medo e a tristeza. Como li num texto extraordinário de Maria João Marques, parece que o único culpado de tudo isto é o infeliz que há anos terá plantado a árvore que aparou o raio. Mas, afinal parece que o Presidente da Liga dos Bombeiros, Mata Soares de seu nome, já sabe que o incêndio ocorrera e tinha proporções muito grandes quando se verificou a trovoada seca. Mas é extraordinário.. No mínimo é extraordinário. No 2º dia do incêndio que a esta hora ainda não pode dar-se por extinto, já a PJ sabia que fora causado por causas naturais. Extraordinário. Que competência! Que rapidez! Que precisão. O País está corporativizado. Vejam bem. Agora, as corporações mais ilegítimas pavoneiam-se garbosamente pelos recônditos labirintos legiferantes e administrativos. Nenhum incêndio, nenhuma tragédia pôde evitar a greve dos professores. E nenhuma tragédia evitará esse verdadeiro absurdo que é a greve dos Juízes. Poderíamos continuar indefinidamente. O País foi abocanhado. E os cucos tudo fazem e utilizam toda a retórica para que os operários a quem devem o ninho esqueçam a irresponsabilidade, a negligência, a incompetência, a pulhice. Pobre País. Pobre povo. Como são largas as costas desta pseudo-democracia.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

O "foco" é tudo.

 Vi ontem uma pequena parte do vídeo da conferência de imprensa convocada pelo Senhor Engº Mexia na sequência da sua constituição de arguido num processo. A outras pessoas, ligadas hoje ou anteriormente à EDP e à REN foi dado idêntico estatuto. Também li alguns resumos da mesma conferência. Ao que parece a EDP não teve nenhum benefício resultante da assinatura dos contratos para estabelecer os chamados CMEC ( Custos para a manutenção do equilíbrio contratual). Só o nome é uma aberração jurídica. Mas o evento ou sucessão de eventos que me leva a retomar este blog há vários meses inactivo, é uma forma de esbracejar num país anedótico cuja democracia foi transformada numa farsa. Por estes e outros indivíduos com privilégios intoleráveis e rendimentos principescos e que, apesar disso, são mediocridades rapaces e patéticas. Quando oiço coisas como aquelas que disse o Senhor Mexia, apetece-me ser jornalista. Quando o Senhor afirmou 
que a EDP não teve qualquer benefício com a assinatura desses "contratos" apetece-me pedir-lhe que se demita, porque nesse caso ele é um péssimo gestor. Um contrato é assinado quando traz benefícios para ambas as partes, visto que pressupõe o princípio da liberdade contratual. Então o Senhor Mexia & Cª foi obrigado a assinar contratos que não trouxeram benefícios à empresa que representa? Que se queixe por coacção! Claro que é mais verosímil considerar que, com estas declarações, o Senhor Mexia & Cª está a chamar imbecis publicamente a todos os Portugueses. Ou seja, está a insultar-nos publicamente depois de passar anos a espoliar-nos sem o menor rebate de consciência.
O assunto é grave. Tão grave que não nos apetece comentá-lo mais demoradamente. Por pudor. No que a corrupção diz respeito, apetece dizer que, em Portugal, cada sachada sua minhoca.
Por isso, terminaremos com pequenas considerações formais, mas que julgamos particularmente pertinentes: a) porque terá estado parado durante anos este processo? Entendo, pelo que li, que só agora a PJ terá sido chamada a auxiliar a investigação. Há anos que defendo que a investigação deve ser das polícias, a acusação do MP e o Julgamento do Juíz. Porque persistirá esta "entorse" ou fricção entre MP e PJ?
b) Porque não pediu o MP o segredo de Justiça neste caso que diz ser complexo e cujo objecto é igual a tantos outros onde até houve e há prisões preventivas? Não gosto do segredo de Justiça. Mas já alguém se interrogou sobre o que aconteceria se todos os arguidos decidissem convocar conferências de imprensa para refutar pocessos penais?
Agora é mesmo para terminar: o Senhor Mexia repetiu de forma patética e pouco convincente ( para qualquer jurista com alguma experiência) uns tantos "ditirambos" non sense para justificar coisa nenhuma. O seu gesto, a sua ênfase e o seu mal disfarçado embaraço foram confrangedores. E aquela de que não perderão (eles) o foco nos objectivos da sua gestão é de gargalhada.  O foco é impertinente. Por isso é de gargalhada. Impertinente também. Ou talvez de corninhos de verde pinho. Pertinentes.
Vá-se lá saber!!!!