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sábado, 24 de dezembro de 2016

Círculos Discêntricos

É véspera de Natal. O mundo cristão rejubila esta noite com a comemoração do nascimento do menino-Deus. Ocorre-me o extracto de um poema de Natal de Miguel Torga ( cito de memória):  Leio o teu nome nas páginas da noite, menino Deus, e fico a meditar no milagre  dobrado de seres Deus e menino. Em Deus não acredito. Mas de ti, como posso duvidar? Todos os dias nascem meninos pobres em currais de gado; humanas alvoradas; a divindade é o menos. A luz de esperança que o nascimento de cada criança traz ao mundo deveria fazer-nos esquecer tudo o que mau vai acontecendo nesse mesmo mundo. A um ritmo que abala a mais forte esperança. Retido em casa por uma gripe agreste, tenho lido muitos jornais esta semana. Também por isso é inevitável cotejar o júbilo e o chamamento do amor desta quadra, com o ódio de tantos acontecimentos recentes. Fiquemo-nos pela Europa: mais um atentado utilizando um camião num mercado de Berlim, com mais de uma dezena de mortos e várias dezenas de feridos. Quase em simultâneo, um polícia ou ex-polícia baleou o embaixador russo em Ancara, Na complexa questão dos refugiados, a Turquia é, como se sabe, uma das principais portas de entrada na Europa. Que deixou de ter estadistas. O problema dos refugiados e outros, muitos outros com que se depara, resultam da cegueira medíocre de quem a governa. É hoje claro para toda a gente informada que a questão dos refugiados deveria ter sido encarada e resolvida na origem. Prevendo a castástrofe social da reconhecida incapacidade de acolhimento de todos aqueles que, por legítimo anseio, a procuram como refúgio ou recomeço de vida. Como não foi prevenida, é louvável que se tenha tentado mitigar o sismo social daí resultante com medidas humanamente imprecindíveis. Destaco eu e quase todos - hoje - a atitude de Angela Merkel neste caso. -( Alguns esquerdistas personificaram na Chanceler o diabo das austeridades troikianas; calados que nem ratos com a generosidade das suas propostas para os refugiados, claro está.)- Por isso, mais ignóbil ainda é - se este "mais" fosse possível - o atentado de Berlim. Como ignóbil é todo o acto de terror. A Europa e o mundo estão numa encruzilhada das mais difíceis dos últimos séculos. A Europa (UE) gizada por um punhado de estadistas de grande nível logo a seguir à II Grande Guerra, não conseguiu evoluir harmoniosamente. Escusamos de esconder a cabeça debaixo da areia. A burocracia insaciável devorou-lhe os ideais. Tem de ser repensada. Reconstruída com fundamentos que incorporem as novas realidades. Haverá gente capaz de "sonhar" uma nova União Europeia? Tenho para mim que a indecisão dificulta e estreita as opções. Há uns dois anos entendia que poderia haver duas soluções: (i) mais integração; (ii) pausa, provável recuo e criatividade para recomeçar. Os últimos acontecimentos, designadamente o chamado Brexit tornou muito improvável caminhar agora e sem mais para uma maior  integração. Por outro lado, tenhamos consciência: para o bem ou para o mal, a UE jamais será a mesma sem o Reino Unido.
Este informal e superficial "rebusco de imprensa"  tem de fazer uma alusão, por pequena que seja, aos escândalos internos. O último é o caso dos negócios do plasma. Já haviam sido ventilados. Agora, as novas "aproximações" resultam de uma investigação oficial. O ex-presidente do INEM e da Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo ( Ribeiro e Cunha) terá facultado à Octafarma de Lalanda e Castro negócios chorudos com o plasma importando, enquanto o sangue de milhares ou centenas de milhares de dadores nacionais era desperdiçado. Enfim, deixemos que a investigação prossiga para que não vá a lado algum,  com alguma probabilidade. Em termos de corrupção, cada sachada é sua minhoca. Impressiona. Impressiona ainda mais pelo facto de ser sempre um punhado de nomes que vem á tona. Lalanda foi o patrão do Sócrates. Verdadeiro? Quem acredita? O Sócrates vendia casas, suas e da mãe, ao amigo Santos Silva. Agora sabemos que a Octafarma fez o mesmo ao Senhor Luís Ribeiro e Cunha. No Porto, no Algarve, em Lisboa (?). Afinal, Ribeiro e Cunha era vizinho de Sócrates no Heron Castilho. Tudo isto desafia os mais crédulos. Lalanda e Castro também estará nos vistos gold e em alguns outros processos na companhia do Senhor Bataglia e de vários outros altos responsáveis angolanos. Mesmo para quem desconhece os processos, mas está minimamente atento ao que o rodeia, parece que há alguns grupos ligados ao poder que se "entreteve" durante anos e anos a construir caleiras sumidouras para os dinheiros públicos. Nenhum País pode resistir a tanto. E as corporações são mais e mais acintosas na defesa de privilégios apesar do miserável empobrecimento gradual do País produtivo.
Enfim, a esperança que envolve a época natalícia, tem de suplantar a miséria moral que vai corrompendo as sociedades. Os sistemas de conformação social perderam toda a sua eficácia secular. A própria lei é tomada muitas vezes como um mero faz de conta. Porque o Legislador também perdeu a tramontana. Deixou de nortear-se pelo bem comum. Tantas vezes inúteis ou escusadas, há leis motivadas apenas por objectivos suspeitos: beneficiar apaniguados. Que justificação poderá haver para isentar os Partidos Políticos do IMI, quando se legisla criando uma sobretaxa para prédios com valores acima de €600.000,00 ? O despudor é muito grande. Por muito pesadas que consigam ser, as palavras já não são suficientes para demover esta traça maldita que nos vai corroendo a esperança.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Não há pachorra!


Haja Deus! Como é possível esta novela mexicana de má qualidade? Quem se julga o Senhor Domingues para recusar cumprir a Lei?
Este Senhor e a sua equipa - como ouvimos - jamais poderão gerir o banco público com competência e idoneidade. Apesar da necessidade premente em tomar decisões importantes, designadamente ao nível da capitalização - como dizem, cheirando-me a esturro - este Senhor nada mais fez até agora do que pensar no seu umbigo e nos seus interesses. A instituição CGD é um pormenor insignificante. Perante esta atitude, repito: estes senhores não têm a idoneidade necessária para gerir uma empresa de tal forma importante como é o único e mais importante banco do sistema, e que, por sinal, se move com dinheiros exclusivamente públicos. Porque será que esta geringonça mal parida que nos governa não é capaz de assumir esta realidade tão simples e tão elementar? A CGD foi, nos últimos anos, o instrumento privilegiado do nepotismo e da corrupção. As notícias têm demonstrado isto à saciedade. A que propósito a Comporta da dinastia Espírito Santo foi " construída" com dinheiro da CGD? A que propósito se empresta dinheiro a Berardos & Cª para comprar acções de bancos concorrentes, servindo o produto das compras como garantia? como é possível conceber um negócio como o Vale do Lobo, onde a CGD entra para sócia dos compadres a quem emprestou dinheiro para adquirirem as quotas maioritárias? Andará tudo louco? Não. Infelizmente não. O que andam é a gozar despudoradamente com o Zé povinho. que tudo atura e tudo aguenta, Aguenta aguenta, como afirmou o ex-patrão do Senhor Domingues num passado recente.
Aguentarei, se não tiver outro remédio. Mas que fique claro. Nada sei sobre a capacidade ou o mérito do Senhor Domingues & Cª. Nunca deles ouvira falar até recentemente. Mas sei que a uns tantos o BCE mandou fazer um curso no estrangeiro porque lhes não lhes reconheceu capacidade para gerirem um banco. Sei ainda que os Senhores que são capazes de colocar uma instituição que se propõem gerir em risco porque privilegiam os seus próprios interesses ( e de que tamanho !), não têm idoneidade para gerir esse mesmo banco. Nunca a terão. Logo, citando: desamparem a loja e vão pregar para outra freguesia. Se os responsáveis pela sua nomeação não conseguem ver isto, então das duas uma, ou melhor das três, talvez duas: ou são pusilânimes, ou são ignorantes, ou têm interesses que também não revelam. E assim se traça o futuro do banco público! Que não perdoa uma penhora por meia dúzia de tostões a qualquer cidadão comum! Tudo isto é intolerável. 

sábado, 12 de novembro de 2016

Cegadas

Já está. Os EUA elegeram Mr. Trump para 45º Presidente. O mundo em choque interroga-se: e agora? também eu aguardo pela resposta. todos aguardamos para ver. Para já e no momento em que escrevinho estas notas, já Mr. Trump se encontrou com Obama e parece que tudo correu muito bem. Tenho para mim que, apesar do mito divulgado por filmes e pela comunicação social,  o presidente tem menos poder do que pensamos. Melhor: é mais condicionado ou mesmo formatado pelo complexo militar-e não só-  do que pensamos. Por outro lado, o próprio cargo se encarregará de moderar o urso.  Enfim. Trump, como muitos outros que chegam à política ou a usam para os seus propósitos são a demonstração do  esgotamento da chamada democracia representativa. Provavelmente de democracia tem pouco. E os eleitos, uma vez no poder, representam-se e aos seus interesses, mas não quem os elegeu. O sistema tem sede ser profundamente alterado. Desde logo com muita mais transparência. Isto é: os cargos públicos, todos os cargos públicos têm de de ser controlados com muita maior eficácia e a correspondente destituição deve poder acontecer mais facilmente. 
Os Chantagistas obscuros
Exactamente o inverso da cegada que acontece na CGD.  Uma meia dúzia de personalidades julgam-se acima da lei. A maior parte veio do BPI, um banco privado que, como outros, teve de se socorrer de dinheiros públicos há pouco tempo para sobreviver. Ao que parece, a recusa de declarar o património só pode ter como causa o desfasamento desse património do motivo pelo qual o banco recorreu ao dinheiro dos contribuintes. Mas toda a gente atenta sabe perfeitamente que os bancos foram falidos por incompetentes e gananciosos. Por acção das duas características, em regra. Só o triste do Ministro das Finanças, do primeiro ministro e tanti quanti desta geringonça  é que puderam convencer os Senhores da sua superioridade e da desnecessidade de cumprirem a lei. De resto, e como é sabido, até um diploma fizeram aprovar no Parlamento à medida de tal propósito. Uma cegada triste, em suma. Agora, de mal a pior: entregam, mas se a declaração ficar sigilosa. Tanta mediocridade, tanta falta de noção das regras mais elementares do convívio democrático, levam-nos a interrogar: que merda é esta? a que propósito se vai entregar o banco público a gente com esta mentalidade de merda?
Cá vamos... com tudo isto. Cá vamos, cantando e rindo.

domingo, 9 de outubro de 2016

Desgarradas

1. Guterres
Comecemos pelas boas novas, porque de más está o "inferno cheio" e o papo do cidadão português há muito envinagrado e justificadamente azedo. Está assegurada a eleição de Guterres para Secretário Geral das Nações Unidas, considerando que o Conselho de Segurança (quem manda naquelas estrangeirinhas - o quinteto permanente, entenda-se -) já o propôs à assembleia geral com votos e aplausos. Imagine-se. A verdade é que o ex- primeiro ministro português e ex-comissário para os refugiados havia passado nas "provas de aptidão" com grande brilho. O processo, mais democrático e mais meritório do que as anteriores nomeações, só se iniciou este ano. Assim, a ONU sai prestigiada duplamente. Porque venceu quem apresentou a sua candidatura e a defendeu em provas públicas com denodado mérito, sendo que a ONU soube escolher apesar das múltiplas pressões a favor de outros candidatos, a última das quais, patética quanto baste, foi a Kristalina comissária da UE e vice-presidente da Comissão saída da cartola da Senhora Merkel e querendo afastar a sua compatriota Bokova. Em rigor, quereria "afastar todos os outros". Não alinhando na hipocrisia nacional, costumeira e bacoca de apregoar já que Guterres será o melhor secretário geral das últimas décadas", é evidente a razão para um justificado orgulho. Por mim, desejo que desempenhe um papel excelente, isto é, bem melhor do que aquele que personificou, enquanto primeiro ministro português. Parabéns a António Guterres, à ONU -que raras vezes os tem merecido - e à diplomacia portuguesa. Acredito que algo de relevante tenha feito. Mas era bem dispensável a atitude imbecil do senhor PM Costa, o qual, mal chegou à China, teve necessidade de agradecer a posição deste membro permanente do Conselho de Segurança na eleição de Guterres. Se apoiou a candidatura, fê-lo seguramente porque considerou que era a melhor; e se foi assim, como queremos acreditar, então a China só pode estar satisfeita e não precisa nem deverá querer agradecimentos de ninguém. Não será verdade senhor Costa? Também vai agradecer aos outros quatro permanentes e aos restantes dez temporários?

2 - O Juiz
Sem querer beliscar a presunção de inocência, o caso calou fundo em quem anda nestas lides judiciárias. Quero eu pensar. Noticiam os jornais que o Juiz Rangel ( desembargador) estará envolvido na rota do Atlântico, na qual são pioneiros os senhores Veiga dos futebóis havidos e o Paulo Santana Lopes, irmão do político também havido, provedor da SCML e talvez candidado a haver na eleição para presidente da Câmara Municipal de Lisboa. O PSD deve andar com os olhos vendados, ao contrário do Juiz. Este Lopes nunca mais ganhará coisa nenhuma. Este lugar de provedor da Santa Casa é excelente, foi nomeado por antigos préstimos políticos e o que ele tem a fazer de mais sensato é manter  o tacho o tempo que puder. Claro que o passado dar-lhe-á sempre um lugar de relevo no habitual tráfico de influências. O futuro do Lopes está assegurado. Como advogado, ninguém lhe conheceu coisa de mérito. Afinal, o que vale o mérito nesta reconhecida choldra? O cartanito partidário é tudo quanto basta. Regressando à personalidade em título: diz-se que dos muitos milhões manipulados pelo senhor dos futebóis havidos, de seu nome Veiga, por incumbência dos sobas congoleses, o senhor Juiz recebeu bastante em circuito - talvez agora curto - por contas do filho do advogado Martins e do próprio causídico. Especulem ou não, parece que até papelinho há a confirmar tal facto astucioso, mas não muito. Coisas do ofício. Os servidores da Justiça - é deles que falamos, não é? - sempre foram dados a formalidades. Era o que faltava! Non creo em brujas pero que las hay las hay, diz o povo castelhano. Neste lodaçal, estava mesmo a faltar mais um escândalo de grande corrupção na Justiça, pois claro. Como nesta pequena área se verifica um compulsivo grande impulso para encobrir os irmãos funcionais veremos a rota dos acontecimentos. Lembramos apenas que o senhor Juiz foi o único (até agora) que descascou no seu colega Carlos Alexandre a propósito do segredo ( dito interno) do processo Sócrates, também dito Marquês. E que pôs a nú o mal fadado processo. Levianamente, muito levianamente afirmamos o que se segue: discordando das razões do acórdão, apoiamos o resultado. A historieta mal contada do segredo de Justiça é uma balela com a qual alguém deveria terminar. Alguém...o alguém que nunca há...canção girassa. Dá mais trabalho e mais complicações o dito segredo do que os crimes reais que diz querer segredar.  Enfim, aguardemos para ver se esta rota terá um destino ou se o sextante se perderá numa deriva singular.

3 - O Rocha, outra vez o Rocha
Era suposto tratar dos assuntos fiscais. Decidiu ir à bola às custas da GALP, que mantém ( ou mantinha) um litígio quiçá avultado com o fisco, sem ver nisso qualquer conflito ético. Não foi o único. Agora e ao que dizem as más línguas sucedeu algo semelhante com a EDP. Não que o tenha levado à bola. Mas afinal o Rocha Andrade seria um pequeno accionista da EDP. Como esta empresa também litiga com o Estado para não pagar um montante considerável de impostos que este quer cobrar, O Rocha Andrade não poderá legalmente decidir nada a este respeito ou em qualquer assunto que implique a EDP. Coitado. Mais uma vez descuidado. Impolutamente descuidado. Mas eis o mais interessante: o governo, na ânsia de angariar dinheiro nestes últimos meses do ano, planeou e concretizou um perdão fiscal. O qual -diz o governo - não é afinal um perdão fiscal. Só diz respeito aos juros. E estes perdoam-se ou cobram-se? Perdão ou castigo, o Rocha afirmou que a GALP, como qualquer outro contribuinte, nas circunstâncias previstas, seria abrangida pelo perdão fiscal. Mas não, diz essa entidade mascarada chamada governo. A GALP não é abrangida pelo perdão. O imposto de que é devedor é um imposto extraordinário. O perdão é para impostos ordinários!!! ( daqueles que dizem palavrões que fazem corar as beatas). Então e os juros? Ah! perdão. Afinal a GALP sempre poderá ser abrangido numa parte do que contesta.
Quem entende esta matulagem? Quem estará disposto a aturar este permanente atoleiro de palavras e actos que corroem a nossa dignidade?

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

GALPistas

Já o dissemos.A teta pública alimenta, em Portugal, todos os cinismos e todas as mediocridades com "matrícula" partidariamente relevante. Á esquerda e à direita. A este nível nem sei o que isso seja. Nem eles. Mais: como se a teta não chegasse, o nepotismo e a corrupção alastraram de modo tão despudorado que é fastidioso enumerar os casos que diariamente nos chegam pela comunicação social. A corrupção e o nepotismo são intoleráveis e fazem de Portugal um País miserável. Moralmente miserável, indiferente ao mérito. A Galp convidou uns tantos ( dos políticos nos ocupamos e só dessa estirpe) para viajarem para França em jacto privado. Pois bem. Assim foi. O secretário de Estado dos assuntos fiscais terá ido duas vezes. Sem consciência da ilicitude. Ainda hoje não vê o conflito ético! Tem toda a razão. Este Senhor é inimputável. Afirmamo-lo porque queremos manter intacta a sua consciência. Pouco importam os conflitos entre a AT e a Galp. Não há qualquer conflito ético na aceitação dos favores da Galp. Em bom rigor, estava o Rocha Andrade posto em sossego, à boleia na rotunda do relógio, quando alguém - muito bem intencionado - decidiu dar-lhe boleia aérea para França. Patrocinando a petrolífera a selecção de futebol, este governante maravilha ( como outros, remate-se) até mostraram patriotismo e espírito de sacrifício. Mas estão Vocências tão incomodados? Então devolvo os dois mil e tal euros. Certo? Quem avaliou as viagens e o resto? E quem controla a devolução? Espantoso! Faz-se um Código de conduta rapidinho para situações futuras, pouco importando a lei existente quer administrativa quer penal. Os códigos de conduta anulam toda e qualquer disposição legal. Ora essa. Toda a gente sabe isso, seus ignorantes. Estamos na parte verdadeiramente relevante porque corruptos há-os aos pontapés, apesar da sua imunidade aos incêndios que consomem Portugal. São tantos os casos que se tornou já cansativo falar do assunto. Não há pachorra. O que verdadeiramente irrita são os milhares de argumentos inconsequentes com que nos chamam estúpidos e pacóvios cada vez que mais um caso é noticiado ( pura má fé, claro está).
Repare-se nas fotografias que ousamos reproduzir, sem pagar direitos de autor. ( Já outros estiveram presos por menos!!!)
Não são verdadeiras imagens de candura? E o gesto pequenino que dedilha o Senhor Primeiro Ministro em exercício? Deve querer dizer duas coisas: aceitar convites da Galp é uma pequenina bagatela e bastará um pequenino e novíssimo codigo de conduta para sanar estas pequenas leviandades.
C'o dianho. Com estas caloraças, que importância tem este lodaçal? Vamos para a praia enquanto há arribas escorreitas.

domingo, 17 de julho de 2016

Campeões: e viva a bola

Faz hoje uma semana, vivemos horas de glória: a selecção portuguesa de Futebol sagrou-se campeã da Europa, vencendo a selecção francesa por 1-0 no Stade de France, em Paris., orientada pelo seleccionador Fernando Santos. Não sendo muito dado a "futebóis" vibrei seriamente durante os noventa minutos regulamentares e os trinta de prolongamento. Foi no prolongamento que a equipa portuguesa marcou o golo que nos deu o título. Vibrei naturalmente pela capacidade de resistência e de vontade revelada pelos jogadores portugueses. Devo reconhecer que os Franceses jogaram mais para a vitória. A equipa portuguesa teve alguma sorte, mas -ao que parece - não há campeões sem um pouco de sorte. Vibrei porque lera no dia anterior o tom desprestigioso e até malcriado como alguns meios de informação franceses se referiram à selecção des petits portugais. Sem estranhar. O pretensiosismo gaulês sempre soube exibir-se no seu pior. E fá-lo com arrogância e algum despudor. Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo, foi anulado por Payet logo aos oito minutos de jogo. Lembrei-me de ter lido declarações do seleccionador Deschamps de que não conhecia meio para anular Ronaldo. Pois bem: sem querer elaborar teorias da conspiração, a verdade é que a falta foi tão evidente e tão oportuna que me pareceu claramente intencional. Apesar do esforço heróico que o capitão da selecção ainda fez para tentar superar a lesão teve de ser substituído por Ricardo Quaresma. Que fez um excelente jogo, de resto. Com garra, empenho e habilidade. O golo foi marcado por Eder, um jogador menos conhecido, mas que também fez muito bem o seu papel. Ao que parece, Ronaldo, já no banco tê-lo-ía motivado transmitindo-lhe que seria ele a marcar o golo. A ser assim, reconheçamos a força da fé e da vontade. Parece que isso mesmo foi transmitido à equipa pelo seleccionador Fernando Santos. Católico praticante, como se assume, sempre disse, apesar dos empates, consequentes críticas e talvez algum despeito que só regressaria dia 11 de Julho e campeão da Europa. Assim foi. Mas regressando um pouco à anulação de Cristiano Ronaldo. Tenho a convicção de que ele foi anulado do modo mais feio, do ponto de vista desportivo. Curiosamente, o árbitro não marcou qualquer falta. O que também diz bem da imprevisibilidade deste desporto que, em múltiplas circunstâncias substituíu as guerras tribais. Infelizmente, apesar de a Fifa, a Uefa e congéneres organizarem competições continentais e mundiais, as guerras mantêm-se, localizadas, mas persistentes. O terrorismo, esse pesadelo dos nossos dias é global. Esta semana, a França sofreu mais uma barbárie, na sua instância de férias mais conhecida. Em Nice, na marginal, a que chamam  promenade des Anglais. Oitenta e quatro mortos e centenas de feridos. Tudo deliberadamente provocado por um louco conduzindo um camião de 14 tons. Islamita radical, é claro.
Enfim, regressemos à bola que, apesar de todas as reservas quanto aos seus excessos, é um assunto mais pacífico e agradável. Foi um triunfo importante para o Futebol português. Mas não consigo deixar de sorrir com algum cinismo - confesso - perante os múltiplos actos políticos de aproveitamento do desporto, em geral e do futebol, em particular. As atitudes e os gestos do  Senhor Presidente da República Rebelo de Sousa, bem como os do Primeiro Ministro António Costa são deploráveis. E não podem ser autênticos e genuínos. Por muito que o declarem, não podem ser autênticos. Ouvindo os "discursos" do Senhor Presidente na entrega simbólica das condecorações não conseguimos deixar de considerar alguns dos seus arrufos claramente patéticos. Mas enfim. A minha admiração autêntica para o seleccionador e para todos os desportistas que defendem com brio e empenhamento o nome de Portugal. Foi o Futebol, mas também prestações briosas e vencedoras no Atletismo, em Amsterdão e ontem uma vitória também europeia, no hóquei em Patins. Para terminar e agora sem cinismo: viva a bola.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Brexit

Fui um convicto europeista. Sempre defendi que deveríamos aderir à então CEE. Não havia alternativa razoável. Nem hoje há. Devo, no entanto, reconhecer que o projecto europeu tem sido desvirtuado pelos burocratas que pensam sobretudo nos tachos que a UE proporciona. Tem-se a impressão que o indiscutível afastamento dos cidadãos do projecto da UE é totalmente indiferente às élites hipócritas que o parasitam de forma torpe e despudorada. Por isso hoje tenho muitas dúvidas sobre o futuro de um sonho que valeu a pena. Que valia a pena. Será que encontraremos dirigentes capazes de motivarem uma aproximação das instituições e dos cidadãos europeus que nos possa fazer afirmar que ainda vale a pena? Para tanto, não tenho dúvidas que é preciso alterar profundamente as regras de alguns tratados e particularmente o Euro, tal como está desenhado e posto em prática. Pode existir uma moeda única com uma sensata variação de valor de Estado para Estado.  Se assim não for dificilmente o Euro se salvará. Os britânicos entenderam este aspecto desde o início.
Como é sabido, os Britânicos votarem maioritariamente pela saída da União no passado dia 24 de Junho. Tenho pena. Apesar da sua clássica e propalada ambiguidade, o Reino Unido foi uma peça fundamental no xadrez europeu, nos momentos mais graves e decisivos da história dos seus povos.  E continuará a ser. Até no que aos vícios institucionais diz respeito e a que já me referi, o pragmatismo britânico era muito útil para travar perspectivas hegemónicas. Enfim. Julgo que o processo de saída se concretizará e que será negociado um estatuto que mantenha muito estreitas as relações entre o UK e a UE. Sou, pois,visceralmente, contra atitudes revanchistas e entendo que a vontade do RU resulta das urnas e não de "manifestações" posteriores de pretenso arrependimento. Saibamos respeitar o povo Britânico e o seu indubitável amor à liberdade e à democracia. E saibamos condenar oportunismos, como o da primeira ministra escocesa. Felizmente, parece estar assente que esse oportunismo foi entendido e será rejeitado.
Claro que a saída do Reino Unido da UE trará consequências muito relevantes. Sobretudo económicas. Mas espero -melhor - tenho a certeza que não serão tão caóticas como alguns têm querido fazer crer. As atitudes de pequenas vinganças e azedumes, como a do Senhor  Junker revelam a falta de estofo dos dirigentes europeus. Isto, sobretudo esta falta de estofo e de capacidade de liderança, foi o que, na verdade, afastou os britânicos e é ainda aquilo que verdadeiramente afasta os cidadãos do projecto europeu. A promiscuidade entre a Política e mundo financeiro, de que é mero exemplo a recente nomeação do Senhor Barroso para o Goldmann Sachs, minará o apoio popular que a UE deveria procurar acima de tudo, como  único cimento efectivo para a construção do projecto europeu.
Não houve cão nem gato que não opinasse nas ultimas semanas sobre o Brexit. Li opiniões sensatas e bem informadas e disparates de alto calibre, como mediocridades convencidas e pretensiosas, como todas as mediocridades. Tenho pena que o RU deixe a UE, repito. Mas muito mau seria criar circunstâncias artificiais para conseguir uma matreira e falsa vontade de permanência. Os britânicos retirarão lições dos seus actos. O que verdadeiramente é triste e muito grave para o futuro da UE é a percepção que todos temos de que os dirigentes comunitários nunca aprendem com coisa alguma.  Só aprendem todos os meios para tirar vantagens pessoais dos lugares que ocupam. Que pena. Um pouco de idealismo faria bem a todos.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Textos e Contextos (1)

Há meses que nada escrevinhava nos Cucos. O texto surgiu-me a propósito da polémica sobre um livro do jornalista Henrique Raposo intitulado "Alentejo Prometido". Mantenho o título porque o considero adequado a outros comentários despretensiosos ( ou apenas simplistas) sobre alguns acontecimentos recentes.
A mencionada polémica sobre o livro de Henrique Raposo é paradigmática. Patética, mas paradigmática da mediocridade casmurra  e estulta que se foi apoderando da vida pública nacional. O autor foi ameaçado nas chamadas redes sociais; o lançamento do livro foi alterado com receio de actos de violência, enfim, uma verdadeira salgalhada. Afinal, o lançamento foi apenas abrilhantado pelo cante alentejano de um grupo que quis sinalizar o seu protesto. Sejamos claros. Noutros termos: eis a declaração de interesses. Apesar de ter nascido em Trás-os-Montes, vivo no Alentejo há mais de 20 anos. Sem deixar de trabalhar em Lisboa, foi no Alentejo que investi o produto de uma vida de trabalho. Numa palavra. Gosto do Alentejo. Da paisagem e também das pessoas que julgo terem qualidade e defeitos como todas. Sou casado com uma alentejana da raia. Graças a Deus.
Parece que o capítulo mais polémico do livro será aquele em que o autor constata que o suicídio não é socialmente  reprovado, ou melhor, é compreendido socialmente. Isto a par de algumas afirmações controversas como a de que os Alentejanos são desconfiados, e outras. Importa deixar registado que o livro é uma espécie de retorno à infância do autor, através da redescoberta de sítios onde viveu ou onde viveram os seus antepassados e de uma análise actual de opiniões, sentimentos e modos de estar. O autor inquiriu pessoas, inquiriu-se sobre episódios que relembrou, enfim, fez uma trabalho meritório para exprimir uma opinião a que tem direito e válida ( a meu ver), apesar de não alinhada com a moda. O autor foi criado, ao que parece, na periferia de Lisboa, visto os seus pais terem "emigrado" para a cidade, como tantos outros alentejanos. Como jornalista, aprecio bastante o autor. Os seus artigos são incómodos e pouco consensuais. Como o livro, ao que parece. Mas não é para isso que se escreve? Não deveria ser esse um dos objectivos de toda a escrita que se preza?
Não subscrevo obviamente a opinião dos tiranetes ofendidos com as opiniões de Henrique Raposo. Mais. Entendo até que a atitude dos Alentejanos a respeito do suicídio é um elogio. Não será muito respeitável para os cânones católicos, reconheço. Mas a necessidade de acabar com a vida quando nos sentimos um fardo para os outros representa uma atitude de coragem que devemos respeitar. No mínimo.
O Alentejo é a "província" de Portugal onde os traumas históricos são, porventura, mais evidentes. "Trabalhada" durante muitos anos pelo Partido Comunista, auxiliado pela acefalia dos agrários e pela anuência imbecil da ditadura, foi lá que a chamada reforma agrária se manifestou. Nas ocupações e similares, primeiro, e nos oportunismos, fraudes e furtos subsequentes. Ninguém teve atitudes de lisura e de dignidade. Nem antes nem depois do golpe militar. Nem à direita nem à esquerda, como então se dizia e ainda se teima em dizer.
Tudo isto deixou marcas muito profundas que levarão tempo a debelar. Muito tempo. Apesar de haver pessoas com fortes sentimentos cristãos, a verdade é que a cultura árabe perdurou com maior intensidade no Alentejo do que no resto do País. Ora, para os muçulmanos, o suicídio, quando praticado em nome de Alá e para defesa da fé e do profeta, pode transformar o agente em mártir com a subsequente gratificação de 1000 virgens para pecar no paraíso. Ou serão apenas 999?
Para terminar. Henrique Raposo exprime opiniões que têm muito de correcto no que ao Alentejo diz respeito. Mas ainda que assim não fosse. Que direito têm os imbecis de só aceitarem aquilo que está de acordo com a sua imbecilidade? Porque será que para uma certa esquerda (?) a democracia e o pluralismo só é válido para os outros? Por vezes apetece dar razão ao economista: socialismo e liberdade parecem incompatíveis. Ou melhor: há pretensos socialistas que teimam em vincar essa incompatibilidade.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Digestum



A prenda de Natal de 2015 foi o caso Banif. A última vez que escrevinhei neste blog teve esse pretexto. Mais um que os prendados Portugueses, como em todos os casos bancários- e não só - pagarão com língua de palmo. Enfim, passemos a um resumo  desprentencioso dos acontecimentos posteriores.
A campanha presidencial: Foram dez candidatos ( dez?). Que grande estopada esses 15 dias! Do Dr. Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa ( mas cuja licenciatura parece envolta em mistérios suiços para português ver), passando pelo Tino de Rans, ( Vitorino Silva)) houve de tudo. Foi penoso ouvir tantos candidatos e tantas tiradas patéticas. Durante quinze dias. É obra. Recordo ter acordado uma manhã e ouvir na RR um repórter perguntar à Maria de Belém Roseira (ex-ministra e ex-presidente do PS) a propósito de um comício do dia anterior: - Contava com uma sala meio vazia?- A sala não estava meio vazia; estava meio cheia. Ora toma! A candidata, que pretensamente disputava os votos "socialistas" com o Dr. Nóvoa acabaria com 4,24% dos votos de 48,66% de eleitores. Tal foi a participação eleitoral. Os Portugueses estão efectivamente com o saco cheio desta democracia de faz de conta.  Para que a história (não) registe: nestas eleições de 24 de Janeiro de 2016, foram estes os resultados: Marcelo Rebelo de Sousa ( 52%); António Sampaio da Nóvoa ( 22,88%), Marisa Matias (10,12%) Maria de Belém Roseira (4,24%) - repetindo -; Edgar Silva ((3,94), Vitorino Silva (3,28) Paulo de Morais ( 2, 16%), Henrique Neto ( 0,84%), Jorge Sequeira ( 0,30%) Cândido Ferreira ( 0,23%). Factos positivos: Marcelo venceu à primeira volta, o que poupou algum dinheiro e a paciência de todos, apesar do desgosto dos candidatos com a pretensão de disputarem uma 2ª volta; Marcelo fez uma campanha de rua e de café; não utilizou cartazes, outdors; não encheu as caixas de correio, não poluiu, numa palavra. E ainda assim venceu. Em virtude dos muitos anos em que foi  comentador político da (Rádio e TV),  naturalmente. A visibilidade que teve durante esses anos, fez com que o Professor de Direito Administrativo fosse muito conhecido dos eleitores, permitindo-lhe dispensar a propaganda eleitoral. Edgar Silva, o candidato do PCP foi um fiasco, naturalmente não reconhecido, como tal, pelo seu partido. Que nunca perde. Há sempre uma faceta positiva nas suas derrotas. Marisa Silva foi uma surpresa, tal como surpresa já havia sido o resultado do seu Bloco de Esquerda, nas legislativas de 4 de Outubro de 2015. O PCP, pela boca de Jerónimo de Sousa, aludiria ao facto de o seu candidato não ser uma engraçadinha. Toda a gente atribuiu a insinuação à Marisa, claro está. A verdade é que não sendo particularmente bonita, mostrou saber o que diz ( dentro do catálogo de tiradas do BE e de toda a extrema esquerda). Como candidatas eram só duas ( a Marisa e a Roseira), e a Roseira é francamente desengraçada, não poderia haver outra conotação. Para além disto, o seu resultados foi um desastre, como já dissemos, pelo que não poderia ser invejado pelo Partidão. Por aqui me fico, porque tudo isto é muito engraçadinho!
O Banco Internacional de Cabo Verde. Mais um escândalo bancário. Durante anos serviu para ocultar burlas e vigarices dos donos do BES/GES. Tendo ruído o grupo, para que serviria a sua "venda" ao ex-empresário de futebolistas de nome José Veiga? A venda acabaria por não suceder. Porque a PJ deteve o Senhor Veiga e o seu sócio Paulo Santana Lopes ( exacto, irmão dessa excelência). É a operação rota do atlântico, ao que dizem. Fortíssimas ligações ao Congo Brazaville e ao seu presidente, Denis Sassou Nguesso. Tudo boa gente. Tudo boas companhias recomendaveis por qualquer bom pai de família.
O que espanta, o que verdadeiramente espanta é que um "activo" do BES possa ainda ser vendido - como provavelmente seria - a um homem que, segundo as notícias deve ao Estado, de impostos, mais de 11 milhões de Euros. E ninguém vê? e ninguém age? Não é evidente que mais um acto inqualificável se preparava? Ao que consta - boatos é o que sempre temos, e só - o Paulo e o José não podem contactar o Relvas nem o Monteiro ( sim, o Ministro omnipotente que se demitiu e o que foi secretário de Estado e agora ganha mais de €30.000,00) com a função de vender o BES. Indigitado pelo Banco de Portugal, o qual, como é sabido, tem como lema nada saber e nada ver.
Sempre me ri das medidas de coacção tipo estar proibido de contactar com. Rio-me também desta, claro está. Mas já agora: quem dirige o inquérito é o Juiz Carlos Alexandre. Para não variar. Porque terá o Dr. Alexandre aplicado tal medida?
Há mistérios insondáveis. E há coisas tão imutáveis como as essências,  como diria o Padre da minha paróquia natal.