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sábado, 25 de outubro de 2014

Multas de(mérito)

 Parece que no comando distrital de Évora da GNR há objectivos a cumprir, no que a multas diz respeito. Provavelmente não será apenas em Évora. Mas aqui, de acordo com as notícias, é reconhecido publicamente o mérito dos maiores autuantes e o demérito dos menores autuantes.  Neste caso e porque não há normas imperfeitas eficazes, parece que a punição consistirá, entre outras medidas, em patrulhamentos a pé, de forma a obrigar a percorrer distâncias consideráveis. Francamente! Caminhar faz bem. Gente, ou melhor agente saudável ou que  queira sê-lo, deveria exercitar com agrado uma atitude abstencionista. Et pour cause. Com o risco de desagradar aos comandantes, claro está. Não posso considerar-me muito viajado. Alguma coisa conheço, na Europa, designadamente. E não conheço País nenhum onde os Senhores agentes exercitem tanto esta maravilhosa faculdade. Talvez seja o exercício de autoridade que mais gozo lhes dá. No faz de conta da guerra colonial, as operações militares eram planeadas "mensalmente" nos comandos. Ou era de lá que vinha a última palavra.  Logo, muitos dias de mato era um indício seguro de firmeza e autoridade. Pela nossa parte, saíamos do "quartel" uns quatro ou cinco quilómetros e acampávamos uns dias para consumirmos a ração de combate. E assim se acomodavam todos os interesses. Já repararam como há múltiplas semelhanças? Há tanta coisa para patrulhar! Parece, todavia, que os automobilistas são o alvo mais fácil e com quem melhor se exercita a autoridade e o seu sistemático abuso. Pobre País, onde as polícias se queixam diariamente de falta de meios humanos e materiais. Uma pequena história, ao jeito anglo-saxónico. Como os senhores agentes "adoram" conversa e desculpas -de quê?- que rebaixem o condutor e lhes exacerbe o amor próprio e a vaidade, assumo a atitude de nada dizer. Há uns anos, numa certa manhã radiosa e fresca de Outono, ía eu a caminho do tribunal do Montijo, fui mandado parar à saída do túnel de Montemor, na CREL, por um agente cujo automóvel circulava à minha frente, no dito túnel. Só acendera as luzes já dentro do túnel uns cinquenta metros. As perguntas do costume e mais algumas, entre elas:- Para onde vai? Não resisti: -O que é que o Senhor tem a ver com isso? Multa certa, obviamente. Como o companheiro seria mais novo, a ele coube preencher a papelada dentro do automóvel pago por todos nós, enquanto eu aguardava no automóvel pago por mim e o agente principal aguardou especado à saída do túnel por onde passaram centenas de veículos, 80% dos quais sem luzes acesas. Atendendo ao reconhecido domínio da escrita deste e doutros senhores agentes, a espera foi longa. O facto, finalmente. No auto constava que eu circulava sem luzes no túnel. Quis corrigir:- escreva, por favor, que só acendi as luzes já dentro do túnel. - É a mesma coisa! - Não lhe compete julgar, mas sim relatar os factos em concreto. Recusa esperada. Com pouco mérito, mas esperada. Pedi-lhe para chamar o companheiro o qual, aliás, teria sempre que comprovar a minha recusa em assinar. Quando chegou perguntei-lhe quantos automóveis tinham atravessado o túnel sem luzes. -Muitos? -Mas não mandou parar nenhum? - É muito perigoso, neste lugar. - Mas foi aqui que me mandou parar. - É diferente.
E pronto. Assim fui multado com todo o mérito. Bolas. Qual será a dúvida. Eles precisam de constar dos quadros de honra ou melhor de mérito. Alguém tem de se destacar numa sociedade cujas instituições mergulharam na lama. Irreversivelmente?


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Bento(s), cheias e cowboyada

1. Bento(s) Parece que o Senhor Bento - lembram-se?- esse mesmo, o Vitor, o Mr. SIBS, primeira personagem do BES bom ou Novo banco, enfim, todas essas garraiadas que os resignados tugas aguentam pateticamente todos os dias; parece que o senhor Bento das proezas, activou mais uma: cumulou o tacho no BdP com a admistração da SIBS, que é uma associação dos bancos, com lucros fabulosos ( cobra aos comerciantes e aos consumidores), onde esteve durante 15 anos e recentemente com a administração do tal bes bom ou novo banco ou lá o que queiram chamar-lhe os génios patéticos deste sítio onde tudo o que é caca é possível. Claro, Senhor Bento. Em terra de cegos, são tão poucos os génios visuais que não têm outro remédio senão cumular estes cargos exercidos sempre com muito altruísmo e espírito de resignação. Com grande sentido de Estado, como soe dizer-se. Esquecia eu de mencionar no seu perfil, o ar up to date que o crânio calvo e farto de interiores bem demonstra e mais: sim, mais: o Senhor Bento-não esqueçamos- foi também Conselheiro de Estado nomeado por sua Exª o Senhor Presidente da República. E se mais mundos houvera lá chegara!

2. Inundações
Com grande pragmatismo e após estudos dispendiosos e apuradíssimos, o Senhor Costa, edil dos edis Lisbonenses ( Presidente da Câmara, em suma) e futuro primeiro ministro, tão desejado como Sebastião - e sem qualquer névoa - veio tranquilizar-nos após mais uma chuvada e concomitantes inundações na Capital. Sim, sim. Veio tranquilizar-nos, como se treinador da selecção fosse ou aspirasse a ser. Não há nada a fazer, cidadãos lisboetas e do portugal dos pequeninos. Lisboa é assim: já tem sol, cheira a luá, cheira a lisboa. E houve, inacreditável, houve quem abrisse a boca de espanto. Entrou mosca seguramente. Alguém conheceu alguma vez uma ideia ao edil? Lanço o desafio. E alargo o âmbito temporal e espacial. Digam-me. Mencionem uma ideia que o Senhor Costa tenha exposto, como insigne dirigente partidário, como ministro, como cidadão. É verdade. A nossa memória prega-nos partidas. O Senhor Costa já foi ministro da administração interna, também dito das polícias e da justiça, que raio. O homem foi ministro da justiça. Nunca o vi nos tribunais. O que é normal. Os tribunais são para a pequenada. Ora o Senhor Costa fez o estágio no escritório do Dr. Jorge Sampaio ( haja respeito) e do Dr. Castro Caldas, entre outras sumidades. Ou seja: fez o estágio ( de quê ?) no escritório dos ministros. De tudo. Só poderia ter sido ministro, obviamente. Naquele escritório estagia-se para ministro. Desde que filiado, obviamente. 

3. Os novos cowboys 
Veio agora, pé ante pé, pela mão do OE: orçamento de Estado, para quem é dismnésico. Já foi OGE ( orçamento Geral do mesmo). Sacaram-lhe o Geral e com razão. Que sentido faz ser Geral quando os cucos desorçamentaram tudo quanto quiseram para disfarçar os deficits? Ainda dizem que há falta de verticalidade e de lisura! Más línguas.
Bom. Vamos ao assunto. ao que parece, este OE terá de alterar o Código Penal. Pois é. O OE deixou de ser Geral há anos, mas agora vai mexer no que deveria ser o resguardo ético da comunidade para conferir poderes de autoridade à rapaziada que trabalha nos impostos. Parece que os bandidos e mal-intencionados contribuintes têm vindo a insultar e até a agredir os cobradores de impostos. Não é aceitável. Esses "zelozos zelotas" que esmifram os pobres para encher o papo de todos os cucos, sejam políticos, banqueiros, bentos e amigos consolidados, vão ter poderes de autoridade. Que ninguém ( dos pobres contribuintes) se atreva a não acatar ordens, sugestões, conselhos, imbecilidades e quejandos desses senhores. Haverá crime, digo eu. Digo, porque disse ou dirá o OE. Crime, disseram eles. Todos eles. Ministros e deputados. Crime, disseram. Resplandecentes anedotas que poluem de patético tudo aquilo em que tocam. Este Estado é já uma obscenidade fiscal. Quanto à matéria substantiva ou impositiva, como no que à tramitação diz respeito. Só os imbecis não entendem que o conflito essencial deste sec. XXI é a asfixia do indivíduo pela organização, maxime a do Estado. Qualquer pessoa lúcida e bem formada entende que neste conflito desigual, temos de preservar os direitos individuais, Temos de defender o indivíduo. A rapaziada entendeu que deve dar poderes de autoridade aos impolutos e competentíssimos funcionários que têm por nobilíssima função cobrar impostos. Com as tropelias que todos sabemos. E que são sempre atribuídas aos automatismos do sistema informático. Ninguém ignora a corrupção que por lá foi e por lá vai. Até porque alguns casos foram públicos. Poucos. Muito poucos. Por que o segredo é a alma do negócio.
Mas agora, ah! agora vão ditar sentenças e dar ordens. Como Luky Lukes armados pelos passos para defesa dos xerifes de Nottingham. Ai do Robin Hood que se atreva a contrariá-los. Como se chamava o filme? Merda. Será que não é possível exterminar esta rapaziada? Então dêem-lhes bonbons, porra, para ver se se aquietam de uma vez para sempre.