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terça-feira, 31 de julho de 2012

Salgado ou Insonso?

O seu ar categórico, de todo poderoso chefe da paróquia, faz-me estremecer, cada vez que nos brinda com a sua presença na televisão ou em qualquer outro meio de comunicação social. A última tarde foi visto a propósito dos resultados menos bons do seu banco. Claro que tais resultados só são menos bons porque a carga fiscal é brutal e extraordinária. Faltou-lhe seguramente dizer que tal carga fiscal recai principalmente sobre o seu património e o dos seus accionistas, muitos dos quais serão empresas do mesmo grupo. Por isso, contraditoriamente - só aparentemente é contraditório - o valor bolsista desceu qundo decidiu aumentar o capital social. Por exigência da troika, evidentemente. A verdade, como todos souberam, foi que as acções foram vendidas aos accionistas do grupo com mais de 60% de desconto. A que propósito haveriam os investidores a sério de pagar mais em bolsa? Enfim, o valor do aumento foi, evidentemente, apenas teórico. O encaixe real foi apenas de 1/3 do valor anunciado. Pequenos truques que os papalvos da paróquia vão digerindo. Que regalo! Está em todas. Desde os furações ás bonanças ou tranquilidades, tanto faz. Desde o outro lado do Atlântico, onde de motu proprio ( como disse), denunciou candidamente´às autoridades que fazia comércio bancário ilegal num escritório de uma ( sua) empresa e que, por isso mesmo, teve de pagar uma multa. De motu proprio! Não é espantoso? Desde esse lado à Europa, passando pela Suiça, como soubemos há pouco. Está em todas. E tudo isto digerimos de bom humor. Que povo! Que país! Claro que, em sua opinião, este país vai regressar aos mercados já em 2013. Tudo graças á acção do seu banco e ao grandioso aumento do capital social.
Tenho de o dizer uma vez mais: o que seria deste pobre país sem o Senhor Salgado? Ficámos agora a saber que apesar dos resultados menos bons do seu banco, o país tem o melhor e mais rigoroso ministro das finanças dos últimos anos. Que espanto! apreciado e dito assim por tal sumidade, até dá gosto. Transforma qualquer insonsa guloseima num salgadinho. Pois claro. Não lhe bastava falhar em todas as previsões. Não lhe bastava a cegueira que o impede de ver o abismo. Os vários abismos. Estava mesmo a precisar desta salgada elegia. Preferia-o insonso. Vejam bem. Ele há gostos.

nota: a imagem intitula-se " Portugal ao tapete" como alusão às decepções olímpicas de ontem, e é de Hericartoon, publicada no Sapo.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Tudo isto é triste, tudo isto é fado

Lê-se e não se acredita. A Universidade Lusófona "inventou" um Conselho Científico para calar os jornalistas? Para iludir a opinião pública? Será que nada nem ninguém é minimamente credível em Portugal? Será que a venalidade emporcalhou almas e vontades em todos os lados, em todas as instituições? Repete-se o caso Sócrates? E quantos mais haverá? Que negócios se fizeram com o ensino nas últimas décadas? Que sociedade criámos? O que vamos deixar aos nossos filhos? Patrimonialmente, a situação é miserável. Todos sabemos. Mas a causa, a verdadeira causa, é a completa falta de valores. A esta tragédia - sim, porque de verdadeira tragédia se trata - acresce a completa irresponsabilidade. Dos dirigentes, sim. Mas também nossa que os elegemos e os mantemos no poder. Nossa, porque vendemos a alma ao poder na esperança de termos algum benefício. Haverá outra explicação para a notícia da primeira página do "i"? A que propósito, pessoas de uma Universidade inventariam um Conselho Científico? O privilégio ou privilégios concedidos ao agora Ministro Relvas- se assim sucedeu - não se traduz numa sabujice para obter vantagens? Será que o país já só sabe rastejar perante o poder? Seja político seja económico? Em bom rigor, eles estão hoje de tal forma intrincados na sociedade portuguesa, que já não há meio de os diferenciar. É triste. Tudo isto é um fado muito triste.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A razão...da informática

Há meses que não "postava" qualquer entrada nos Cucos e Marionetas. Não por desinteresse. Até me zanguei com o blogger, por não conseguir aceder á área de edição. Afinal, utilizando agora o notebook que trago na pasta e que não utilizo, naturalmente, nos escritórios, concluí que o blogger tem razão. Julgo que utilizava um username que dificilmente me ocorreria. A zanga foi tanta que, após inúmeras tentativas e muita perda de tempo - o que é bem pior - acabei por criar hoje um novo blog a que dei o nome de Justo Pecado & Cª.  Tem um único post, evidentemente. Muito rápido e despretencioso - espero eu - sobre o acórdão do Tribunal Constitucional onde se afirma que o corte dos subsídios de natal e de Férias aos funcionários públicos ( um pouco mais do que estes, mas com excepções já assumidas) ofendia o princípio da igualdade. Também o do proporcionalidade. Este acórdão não dignifica a jurisprudência do Tribunal Constitucional. Se alguém é tratado desigualmente face aos  privilégios dos funcionários puúblicos, são os trabalhadores do sector privado. Como o país inteiro sabe há décadas. Há séculos, provavelmente. Bom, como as queixas estão já feitas noutro lado, agora interessa verificar se sempre colmatei o erro, absolvendo a informática ou se perdi o blog. Antes perder o blog que os subsídios. Para qualquer dos sectores, evidentemente. Oxalá que a situação do país possibilitasse o pagamento dos subsídios a todos.