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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Palhaçadas

A semana veio "saturada" com  notícias sobre a monstruosidade acontecida em Beja: um energúmeno que matou à catanada a mulher, a filha e a neta. A que acresceram, dizem os jornais, os animais domésticos. A curiosidade e o cuidado profissional dos repórteres - nos casos em que isso se verificou - são naturais e até socialmente úteis. Alguma explicação haverá para tamanha monstruosidade. Claro que à mistura e como de costume, há o exagero na "informação" especulativa que parece apenas determinada por um doentio voyeurismo. O suicídio do homicida, vários dias depois, seria um final que poderíamos apelidar de socialmente frequente e talvez aceitável circunstancialmente, não fossem as condições em que tal acto terá ocorrido. Dizem-nos que o Francisco Esperança terá sido transferido, por razões de segurança, de Beja para Lisboa ( EPL). Teria vigilância redobrada e, no entanto, foi encontrado morto na cela. Enforcado com os cobertores. O director Geral dos Serviços Prisionais, de seu nome Rui Sá Gomes disse-o com todo o à-vontade. O prisioneiro foi objecto de medidas de segurança reforçadas que incluíam vigilância à própria cela. Conheci um Sá Gomes na FDL. Era assistente de Direito fiscal. Terão alguma relação de parentesco. Mas a questão não está apenas neste Sá Gomes. Está em todos os responsáveis que dizem com uma invejável desfaçatez as maiores patetices e acreditam que nós acreditamos. Numa palavra. Somos tratados como palhaços. Agora há dois inquéritos para averiguar o suicídio da besta. Não é apenas um. Há dois. Para que nada suceda, como sempre: um dos serviços prisionais e outro do MP. Viva a fartura, o tempo, os meios abundantes. A propósito de inquéritos. Também foi notícia uma ou várias buscas alegadamente feitas pela PJ a instalações da ASAE, uma força policial descarada e até ameaçadora, em muitas actuações que têm sido objecto de transmissões televisivas em directo. Por incrível que pareça, o seu director, o Senhor Nunes, desvalorizou a questão dizendo que as buscas se processaram numa investigação prévia. Como se fossem possíveis buscas sem autorização Judicial. Se o Director de uma força Policial quer convencer disto quem o ouve, o que podemos pensar desta palhaçada? No nosso sistema penal há Inquérito, Instrução e Julgamento. Não há buscas ou não deverá haver, sem serem autorizadas por um Juiz. Claro que a ASAE  nunca respeitou nada disto, pelo que nos diz o seu director. Como suspeitavamos a ASAE está fora do Estado de Direito.
Uma nota mais suave, mas tão patética com as anteriores: o Senhor Presidente da República terá cancelado uma visita à escola António Arroio porque -também alegadamente - os alunos se manifestavam para conseguirem melhores condições para o funcionamento da escola. Por mim, digo: é inacreditável. A crise levou a que o primeiro ministro italiano prescindisse, simbolicamente, do seu vencimento. O mesmo fez o Presidente da Republica Helénica. O Presidente da República Alemã demitiu-se porque o Ministério Público pediu a retirada da imunidade para poder acusar por corrupção. Em Portugal, os exemplos são todos maus. os políticos não só não prescindem de privilégios como se queixam que ganham pouco. Condenações ou mesmo simples acusações, nem vê-las. Esperamos até ao desespero, o que significa muitas vezes prescrição do procedimento criminal.  Agora até o Senhor Presidente da República, cuja reforma superior a €10.000,00 é insuficiente - ele o diz - foge dos estudantes só porque reivindicam. Valha-nos Deus. O que podemos esperar deste pobre País? Quem terá dito que isto se assemelha a uma democracia?

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Folias, Pieguices e Desacordos

Ainda que  seja escasso o tempo para blogar, há coisas que ninguém pode deixar passar em claro. O facto de o Governo ter anunciado que não haverá tolerância de ponto no Carnaval está a provocar uma quase insubordinação dos autarcas tão próximos das populações. O argumento da proximidade é tocante. Não pelo frio. Pelos encontrões. Estão tão próximos os nossos autarcas que alguns cultivam essa estranha e porventura obscena proximidade há décadas. E nunca deixariam de ser próximos ou aproximados se a tanto não fossem obrigados pela Lei. Que não quiseram e não querem. Verão, veremos todos as manobras sinuosas que empreenderão  para descobrirem os "buracos" da Lei. A insubordinação é democrática. A grande conquista da democracia, desta bendita democracia, foi o poder local democrático. Quod erat demonstrandum. Ai de quem não esteja feliz com esta democracia e com este poder local. Numa palavra, a tolerância de ponto é o paradigma desta democracia e do próprio regime. Porque de folias está o inferno cheio. Foliemos, foliemos, que a vida são dois dias. Por isso, também não devemos ser exigentes com os alunos, coitadinhos, que tanto sofrem para aprender. Teremos de continuar a pieguice que trouxe o ensino ao estado meserável em que se emcontra. Dita em Odivelas, arredor nobre da Capital, onde D. Dinis foliou tudo o que quis - noutro tempo -, a palavra piegas tornou-se o anátema deste primeiro ministro. O qual, apesar de estar numa palestra informal num instituto onde parece que terá dado aulas, terá insultado todo o seu povo quando usou a palavra piegas. Outros usaram lamúrias. Mas sem consequências. Agora piegas é inaceitável. Não há pachorra. A coisa já foi discutida, vista e revista de todos os cantos, apesar de ser inútil e redonda. Mas ainda no Expresso de hoje o Senhor Daniel Oliveira entende que esta palavra do primeiro ministro é um insulto ao povo que lhe deu o lugar. Quem diria. Por mim, acho que verdadeiramente pornográfico é o facto de o Expresso publicar o que o Senhor Daniel Oliveira escreve ao lado de outras coisas escritas por gente séria e intelectualmente honesta como são o Rui Ramos e o Henrique Raposo. Haja Deus! Como pode dar-se tanto espaço a quem ( não é o único) há anos nada mais faz senão derramar ideologia caduca, morta e enterrada nos jornais nacionais. Poderemos estar todos na miséria. Poderemos ter de procurar no lixo a sobrevivência que estes "mestres" da liberdade dirão sempre o mesmo. Sempre o mesmo. É o velho programa antifascista! Por fim, foi a ousadia de Graça Moura em ser coerente e lúcido: não há acordo ortográfico no Centro Cultural de Belém. Que ousadia! Arredar assim essa acefalia a que até os Brasileiros ( alguns) chamam um aleijão. Que Angolanos e Moçambicanos pura e simplesmente recusam. Claro, para os daniéis, são todos uns reaccionários, senão mesmo fascistas. Nem sempre estou de acordo com o  Sousa Tavares. Naturalmente. Mas desta vez tocou em todas. Bem e com verve. Revejo-me inteiramente na sua crónica. Por isso, o Senhor Daniel dirá que ele talvez seja tão reaccionário ou fascista como eu. E viva o fado. Que é piegas quando é mau. Que já foi fascista e reaccionário para o Senhor Daniel Oliveira &Companheiros.