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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Amanita caesaria: a legenda diz que é a rainha dos cogumelos. Ao que parece, também é nesta espécie que se encontram os mais venenosos.
Assim, mesmo a propósito de cogumelos, sempre nos ocorrem histórias de outras espécies, quer vegetais quer animais. Neste último reino, há menor variedade, claro. A amanita é o cogumelo mais belo da fotografia. Algo o distinguirá dos seus irmãos venenosos. Não será a beleza, seguramente. Porque a beleza também pode ser venenosa, por muito que nos custe.
O último dia de Agosto esteve cinzento e acabou com uma chuvada forte. Em Lisboa, pelo menos, chuveu como não sucede em muitos invernos. O dia acompanhou, assim, o anúncio de mais austeridade. Estavam prometidas medidas do lado da despesa. Uma vez mais o ministro das finanças Vitor Gaspar, ter-se-á ficado por generalidades. Estamos de acordo, como todas as pessoas isentas e  informadas, que a situação do país é caótica. Os últimos governos e particularmente os do Senhor José Sócrates retiraram aos portugueses a capacidade de indignação e de resistência. A corrupção, a mediocridade, o nepotismo e o compadrio entravam-nos pelas casas diariamente, com as notícias. Ainda entram. Tornou-se impossivel reagir. O excesso cansa. Fizeram tantos e tão despudorados saques ao erário público que nos cansaram. Resignámo-nos. Esta resignação, por muito que não o reconheçam, é o pior inimigo da comunidade nacional neste momento histórico. Sem vencermos a resignação, não conseguiremos ultrapassar a crise.
Li há dias Os Mitos da Economia Portuguesa do actual ministro da economia, Álvaro Pereira Da economia e não só: dois ministérios e meio, como gosta de dizer para justificar o vencimento da sua super chefe de gabinete. Os Mitos, quando não existem, ele inventa-os para poder dizer generalidades e vulgaridades. Uma decepção. A distorção dos incentivos pode ser um facto. Mas não avança uma única situação concreta que se traduza nessa distorção. Exemplifica com a hipotética reacção dos filhos. Algúem de bom senso pensa no perigo espanhol? Se o ministro pensa que alguém teme isso, então é ele que criou um mito. È isto. Como todos os outros, são palavras, palavras e palavras. Este governo já teve o seu período de estado de graça. Começa a ser tempo de mostrar que faz, que quer fazer e que é capaz de fazer. Há muitas dúvidas legítimas já instaladas em muitos espíritos. E com razão.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Punch and Judy

That's the way to do it ! Mr. Punch - e a sua célebre frase quando vence os inimigos à "sticada" - terá nascido em 9 de Maio de 1662, em Covent Garden, pela mão do Signor Bologna (Pietro Gimondi) o qual, naturalmente, trouxe o primo do Pulchinella de Itália. Punchinello, primeiro e logo Punch à boa e prática maneira Inglesa de anglicizar e "shortizar" os nomes. Tal como acontece com os seus parentes, Mr. Punch ficou famoso em pouco tempo e o seu caracter, ao que parece, assimila aspectos de figuras mitológicas anglo-saxónicas como o Lord of Misrule e Trickster. A fama de Punch e da sua mulher Judy ( and the baby) levou à abertura de Teatros com o seu nome em todo o Reino Unido e até em Dublin ( Irlanda). Espalhou-se, naturalmente, pelas colónias britânicas e -diz-se - até George Washington terá comprado ingressos para um espectáculo de Mr. Punch. Histórias de bonecreiros ou professors, como são conhecidos. O que não é muito verosímil. Porque um auxiliar importantíssimo do professor era o bottler que fazia a ligação com a assistência, interpelava as personagens, tocava tambor e gaita de foles ( na era Vitoriana) e, sobretudo, recolhia as moedas na bottle, em sentido figurado, é claro, fosse qual fosse o recipiente adequado aos donativos. Logo, talvez não houvesse ingressos, no tempo de George Washingtn. Ou talves houvesse, porque na América nunca houve o hábito de trabalhar à borla, naturalmente. Há figuras que foram caindo em desuso com a transição do espectáculo de adultos, representado muitas vezes em tabernas, para os espectáculos mais dirigidos às crianças, como acontece nos dias de hoje. Entre essas figuras agora não utilizadas conta-se a amante de Mr.Punch, de seu nome Pretty Polly. Também desfilam nos encontros Toby the dog, Hector, the horse, além do inevitável Polícia ( The Constable), o Palhaço ( Joey, the Clown), etc.
Punch foi também o título de uma antiga revista humorística, o que revela bem a dimensão social desta marioneta: de cordas, inicialmente, e hoje mais manipulada como marioneta de luva. O fenómeno Punch tem sido objecto de estudos importantes. Citamos apenas o livro de John Payne Collier, The tragical Comedy or Comic Tragedy of Punch and Judy, ilustrado por George Cruikshank e com várias edições.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O local é típico e a paisagem deslumbrante. Hong Kong, em Maio do ano passado, e três mulheres bonitas em Maio de todos os anos: a Céu, a Judy e a Maria. Eu sou apenas o fotógrafo. O outro lado do mundo é uma experiência única, importante, que vale a pena. Hong Kong é o local manifestamente mais ocidentalizado. Mais, muito mais do que Macau, que já é o centro mundial do jogo. A nossa mente ou melhor, a minha mente tem alguma dificuldade em compreender a forma como tudo aquilo funciona, como os mecanismos sociais ou meramente económicos são oleados. A verdade é que são. Como? É uma incógnita. É preciso muito tempo para perceber e há gente que dá lições sem ter percebido. Na China é tudo grande, descomunal, imenso. Beijing não cabe em palavras nossas. Talvez nos caracteres mandarim ou noutros. Mas não nas nossas 24 letras. Nesta altura eram notícia o conflito entre as Coreias que levou a Senhora Clinton a permanecer em Beijing durante dois dias! Celebrava-se o aniversário de Tianamen. ( Só quem esteve na praça pode calcular a sua dimensão!). Veio uma estátua dos Estados Unidos para Hong Kong. Mas a polícia reduziu as celebrações ao mínimo aceitável ( para eles, claro). E quando o autor da estátua chegou a Hong Kong, parece que foi "reembarcado" para a origem. Foi o que pude compreender dos jornais.  Jornais esses onde o Ocidente ocupa diminutas linhas. Muito diminutas. Há dias, um senador norte-americano dizia, a propósito das negociações para aumentar o limite da dívida pública: o problema não é a dimensão da dívida. O grande problema é termos de pagar juros à china por grande parte dessa dívida. Ah! Outra coisa aconteceu nesses dias. A própria Apple acordou que os seus computadores e telemóveis passariam a ser fabricados na China. Talvez o senador tenha razão. Quando acordarmos teremos um problema de comunicação: há pouca gente fora da China que saiba falar Mandarim. Como negociaremos então a descida dos juros? Com a fanfarronice de Kasperl, de Mr. Punch de um qualquer Roberto ou de D. Cristóbal?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Guignol? C'est moi

Guignol nasceu em Lyon, alguns anos depois da revolução ( 1810?), pela mão de Laurent Mourguet, um canut ( operário da seda) caído no desemprego. Diz-se que a marioneta de luva foi inicialmente usada pelo seu criador para atrair a clientela, enquanto dentista ambulante! E alguns acrescentam que também servia para "abafar" os gritos dos pacientes. Não se vê como Mourguet poderia manipular o seu boneco e tirar dentes ao mesmo tempo. Enfim, histórias de marionetas! Tal como acontece com D. Roberto, parece que Guignol não terá traços fisionómicos muito típicos, dependendo da criatividade dos diferentes bonecreiros. Há vários Guignols no Museu ( Guignol) de Lyon. Todo o Teatro de Marionetas é hoje conhecido em França, como em grande parte do Mundo como Teatro de Guignol. Também de traços fisionómicos atípicos é o seu amigo Gnafron ou as respectivas mulheres Madelon e Toinon. Personagem curiosa e frequente é o Juiz (Monsieur Le Balli). Bom, a verdade é que a popularidade de Guignol é tal e o seu sucesso foi tão grande desde o princípio do sec.xix que esta marioneta de luva destronou no mundo francófono o anterior Polichinelo, este sim, primo direito do Pulcinella italiano, saído da commedia del'arte e que se espalhou por toda a Europa. Lyon tem de alguns anos para cá um concurso de teatro com o nome Guignol; em Bruxelas há um festival Guignol, entre Abril e Setembro, enfim, como pode ver-se, esta marioneta é bastante acarinhada. Até a Televisão tem algo semelhante aos bonecos da Contra-Informação, necesssariamente conhecidos como Les Guignols. A informação é, naturalmente, tratada em forma de sátira política.